Avaliação de IHC através de Observação
Em métodos de observação, analisamos os usuários durante a execução de tarefas para identificar problemas reais na execução do sistema. Nesta seção, vamos discutir três métodos desta categoria: Teste de Usabilidade, Avaliação da Comunicabilidade, e Prototipação em Papel.
Teste de Usabilidade
“Usability testing is never a waste of time, even if you think you know the answer.” — Hoa Loranger
Usabilidade define a facilidade para utilizar e compreender uma interface durante o uso. Logo, um teste de usabilidade foca na experiência de uso dos usuários. Em alguns cenários, este tipo de teste parece desnecessário, já que temos a impressão de que podemos “prever o resultado”. Entretanto, este método oferece diversos benefícios. Podemos identificar problemas de design do produto ou serviço, descobrir oportunidades de melhoria, e claro, compreender o comportamento e preferências do usuário.
Hoa Loranger, por exemplo, sugere uma lista de razões para realizar testes de usabilidade. Dentre os tópicos, a especialista UX menciona a possibilidade de uma interpretação errada. Até mesmo os profissionais experientes podem cometer erros, por exemplo, prevendo de forma incorreta como os usuários responderão a uma interface.
Os três elementos principais deste método são:
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Facilitador: É a pessoa responsável por gerenciar o teste de usabilidade, observando o comportamento do participante, coletando feedbacks, e fazendo perguntas se for necessário. Além disso, ele orienta o participante, explicando as tarefas e esclarecendo dúvidas.
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Participante: Idealmente, o participante deveria representar um “usuário realista” do seu produto ou serviço. Se isso não for possível, convide pessoas com um perfil parecido, isto é, participantes com as mesmas necessidades. Você pode pedir ao participante para “pensar em voz alta”, isto é, narrar as suas ações e raciocínios. Esta tática pode te ajudar a entender melhor as motivações e dúvidas durante o uso do sistema.
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Tarefas: As tarefas devem ser realistas, ou seja, atividades que os usuários poderiam realizar no mundo real. Elas podem ter escopo aberto ou fechado conforme os objetos da avaliação. Exemplos de tarefas:
A sua impressora está mostrando “Erro 5011”. Como você pode eliminar esta mensagem de erro?
Você foi informado de que precisa falar com Alice do departamento de TI da empresa. Use a intranet para descobrir onde o departamento está localizado. Dê a sua resposta para o avaliador.
Este tipo de teste pode ser realizado em um ambiente controlado, como por exemplo, um laboratório. O processo inclui quatro atividades principais:
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Preparação: Nesta etapa, definimos as tarefas e perfis dos participantes do teste. Além disso, preparamos os materiais e executamos o teste piloto.
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Coleta de dados: Em seguida, realizamos o teste, onde podemos coletar informações sobre os participantes durante as sessões de uso do sistema.
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Interpretação e consolidação dos resultados: Nesta etapa, os dados coletados são analisados, visando, por exemplo, a identificação de tendências e soluções alternativas. Além disso, podemos avaliar as metas de usabilidade. Por exemplo, suponha que uma meta de usabilidade inclui a execução de um cadastro em até 5 minutos. Poderíamos utilizar o teste de usabilidade para verificar o tempo médio gasto pelos participantes e o percentual de participantes que concluíram a tarefa dentro do prazo.
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Relato dos resultados: Na última etapa, os dados são sumarizados. Normalmente, o relatório inclui o objetivo e escopo da avaliação; descrição do método, avaliadores, participantes, e tarefas; lista de problemas encontrados; e resultados.
Referências
Interação Humano-Computador e Experiência do Usuário. Simone Barbosa et. al. Teste de Usabilidade. Cap 12.2.1.
Usability Test, Even When You Know the Answer . Nielsen Norman Group. Hoa Loranger, Janeiro, 2018.
Usability Testing 101 . Nielsen Norman Group. Kate Moran, Dezembro, 2019.
Método de Avaliação de Comunicabilidade
O método de avaliação de comunicabilidade (MAC) de um sistema é baseado na teoria da engenharia semiótica. Ao contrário do método de inspeção semiótica (MIS), o foco são os usuários, isto é, as pessoas que recebem a mensagem.
Normalmente, este método é realizado com um grupo pequeno de participantes—entre cinco e dez pessoas. O processo também inclui quatro etapas principais: preparação, coleta de dados, interpretação e consolidação dos resultados, e relato.
Além das tarefas comumente realizadas em outros testes (isto é, definição das tarefas, perfis, preparação dos materiais, e execução do teste piloto), a preparação para MAC também inclui a identificação dos signos. Durante a coleta dos dados, é sugerido a gravação de vídeo dos participantes, que são usados nas etapas seguintes para analisar as interações, perfis, e identificar rupturas na comunicação. Os avaliadores podem usar um conjunto de 13 etiquetas para interpretar os resultados, como por exemplo, as três etiquetas mostradas nas figuras abaixo—“Cadê”, “E agora”, “Por que não funciona”. Na etapa final, os avaliadores podem verificar, por exemplo, a frequência de cada etiqueta e níveis dos problemas.
Se um usuário não descobriu como realizar uma ação na interface, associamos com a etiqueta “Cadê?”
Podemos utilizar a etiqueta “E agora?” se o usuário não entendeu qual é o processo para concluir uma tarefa
Se o sistema mostrou um resultado diferente do esperado usamos a etiqueta “Por que não funciona?”
Referências
Interação Humano-Computador e Experiência do Usuário. Simone Barbosa et. al. Método de Avaliação de Comunicabilidade. Cap 12.2.2.
Prototipação em Papel
Interação Humano-Computador e Experiência do Usuário. Prototipação em Papel. Simone Barbosa et. al. Cap 12.2.3.
Test Paper Prototypes to Save Time and Money: The Mozilla Case Study . Nielsen Norman Group. Susan Farrell, Agosto, 2015.